Percepção e Cognição Com a PNL é o segundo, de uma série de quatro artigos. Nesta série, vamos falar “quase” tudo sobre como nós percebemos o mundo. “Quase” é um alerta. É uma sinalização que estou dando a você do pouco que sabemos sobre nós mesmos…
Em primeiro lugar, devo afirmar que, por mais avançadas que as pesquisas em neurociências estejam, temos muito a descobrir acerca de nosso próprio cérebro.
Desse modo, temos que compreender que a nossa interação com o meio externo e com nosso próprio organismo – auto percepção – só é possível pelas vias sensoriais.
Como falamos no artigo anterior, temos a ilusão de que percebemos o mundo em tempo real. No entanto, isso não ocorre. Pois, entre a percepção consciente e a inconsciente há uma minúscula fração de tempo. Este delay (atraso) é tão pequeno que não o consideramos. Nós não o percebemos. Portanto, para nossa consciência o presente é, na verdade, passado.
Desse modo, você descobrirá como estes sentidos funcionam em você. Consequentemente, vai aprender como melhorar sua percepção sensorial e cognitiva. Vamos juntos?
PROPOSTA DESTA SÉRIE DE 4 ARTIGOS:
Ajudar você na compreensão de como seu sistema perceptivo e cognitivo funcionam;
Propor atividades práticas e simples, que você pode realizar sem alterar a sua rotina diária;
Possibilitar melhorias em sua percepção e cognição, promovendo o aumento de seu desempenho perceptivo e de aprendizagem comportamental.
Percepção e Cognição Com a PNL: Visão do Olho e Visão do Cérebro

Antes de mais nada, quero esclarecer duas coisas importante: Primeiro, esta falta de capacidade de percepção do delay entre a captação do sentido e seu processamento pelo cérebro é um mecanismo importante para nós.
Em segundo lugar, quero que você imagine como seria se você pudesse ter consciência de todo o processo perceptivo. Imagine que você está dirigindo numa rodovia a noventa quilômetros por hora e vê um animal que está a 250 metros de você começando a atravessar a pista. Imaginou isso?
Agora, vamos ver por que é assim e não de outro modo. Ou seja, há duas etapas na percepção. Como aqui estamos falando de Percepção e Cognição Com a PNL, com foco no sistema visual, todos os exemplos serão om base nisso.
A visão consciente é o processo de ver algo, como o animal que pedi para você imaginar. Por outro lado, a visão inconsciente usa a informação dos olhos para guiar o comportamento sem o nosso conhecimento.
Explico:
Do mesmo modo que você precisa de uma rodovia para ir de um lugar para outro. Seu cérebro precisa de vias de transporte das informações. Incrivelmente, estas vias precisam de rotas de sentidos específicos, como se fosse mão e contramão na sua rodovia neurológica.
Assim, temos, no caso do sentido da visão, temos duas Vias do “ONDE” e do “QUE”. Assim, vamos conhecer as duas:
VIA VISUAL DO “ONDE” – INCONSCIENTE:
Fisiologicamente esta via fica situada na parte superior do córtex visual, a parte posterior de sua cabeça, sua nuca. Nesta região existe um fragmento de seu cérebro denominado de V3A, que é responsável pelo processamento e combinação das informações de movimento e direção.
Nesse sentido, os estímulos visuais captados pelos olhos vão direto para os centros de processamento do córtex visual e deste, as informações vão para o córtex parietal (parte superior de sua cabeça). No caminho passam por áreas que calculam a localização do objeto em relação a você. Lembre-se do animal da rodovia.
Com base nesses dados seu cérebro cria (sem seu conhecimento) um “mapa” detalhado envolvendo variáveis precisas que permitirão a você desviar-se do bicho com segurança e no momento exato.
Aqueles 250 metros que pedi para você imaginar parecem representar uma distância grande em relação ao animal. Contudo, considerando a velocidade na qual você estava trafegando, é bem pouco tempo entre ver e agir. Esta estratégia do “onde” faz com que possamos nos desviar de coisas que aparecem em nosso caminho no dia a dia sem termos que nos preocupar com isso.
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VIA VISUAL DO “QUE” – CONSCIENTE:
Fisiologicamente esta via fica situada na parte inferior do córtex visual. Ela envolve várias regiões especializadas que participam de um processo fragmentado de dados, e sua respectiva combinação. Dessa maneira, você tem consciência de algumas dessas etapas.
Ao mesmo tempo que você viu o animal (e fez todo o processo rápido de desvio), agora foi preciso recorrer às suas memórias anteriores que permitiram ou não o reconhecimento de que animal era aquele. Se você já tinha este registro, ótimo, vem o nome do bicho, se é macho, fêmea, cor, idade etc.
Para tanto, é preciso que a informação atravesse todo o seu cérebro e vá em direção ao seu córtex frontal (que é dividido em lobo frontal esquerdo e direito – a maioria das estruturas do córtex opera em dupla, uma de cada lado, hemisférios esquerdo e direito).
Entretanto, neste meio tempo, vamos conhecer os caminhos das informações. Primeiro V1, que fica no córtex visual primário, recebe as informações vindas dos olhos. V2, analisou as informações vindas do córtex visual secundário, relativas as formas complexas. A área V3, que é vizinha de V3A, avalia as informações sobre ângulos e direção do objeto. V4 fez a distinção entre forma e cor. Por fim, V5 detectou direção e movimento. Todas essas áreas estão na parte de trás de sua cabeça.
Finalmente, estas informações chegaram ao seu córtex frontal e, pimba. Você tomou conhecimento de tudo. Depois de tudo. Ou seja, alguns milissegundos depois que o fato ocorreu.
Percepção Visual, As partes que “Parecem o Todo”?
Definitivamente, nossa consciência do mundo e de nós mesmos está sempre alguns milissegundos atrasada. Isso significa que o que chamamos presente, para nosso cérebro, é passado.
Agora, imagine que você esteja num museu famoso, o Louvre, por exemplo. Você está na ala renascentista e corre os olhos por uma parede, na qual existem obras de grandes mestres da pintura. Você terá a impressão (falsa) de que está vendo tudo, mas não estará.
Em síntese, o que acontece é que você seleciona alguns aspectos relevantes de cada obra, deixando a maioria dos detalhes passarem despercebidos. No final deste artigo vou indicar um livro para melhorar a percepção.
Analogicamente à complexidade de nosso cérebro, o sistema visual é um do mais complexos e, em termos de área do córtex, o maior também. Desse modo, Percepção e Cognição Com a PNL não pode ser tido como algo abrangente. Mas sim, uma informação essencial para sua exploração posterior.
Existem duas formas de processamento visual:
ASCENDENTES: Entregam ao cérebro as informações de todo o campo visual. Isso vale tanto para aquela cena na rodovia, quanto agora, na ala do Louvre.
DESCENDENTES: Selecionam as partes de uma cena que vão se tornar conscientes.
Quando olhamos um quadro (ou qualquer coisa) nossos olhos param em áreas pequenas, que examinamos repetidamente. Nesse momento, o restante da imagem fica turvo, como uma cena de filme em segundo plano. Se algo neste espaço turvo chamar sua atenção, como um rosto, por exemplo, o foco irá para ele e o restante enturvece. E assim por diante.
Estudos de rastreamento de movimento ocular demostram que damos mais atenção às partes de uma cena que têm pessoas. Apesar de esta distinção seja uma função de nossas habilidades cerebrais superiores, não temos consciência disso.
De maneira bem simplificada e até mesmo rasa (do ponto de vista científico) podemos dizer que enquanto a parte inconsciente do cérebro faz o trabalho pesado de mapear todo o contexto e seus detalhes, nossa parte consciente forma um instantâneo reunindo as peças que mais importam. Ou seja, para isso, nossa experiência de aprendizagem anterior vai contar muito. Como aquele episódio da rodovia, com o animal do que você se desviou.
Quiasma, O compartilhamento da Informação
Quando vemos em três dimensões (comprimento, altura, largura e profundidade) estamos utilizando uma engenharia bastante complexa de nosso aparato visual. Cada olho se conecta com os dois hemisférios cerebrais através do quiasma óptico.
Em suma, o quiasma é formado pelo encontro de dois nervos ópticos em uma estrutura em “X”, de modo que cada uma das “pernas” do “X” fica conectada a um dos olhos e ao mesmo tempo aos dois hemisférios cerebrais. Portanto, se você perdesse um olho, (Deus nos livre e guarde disso), não deixaria de ter um processamento integral da visão advinda do outro.
O quiasma funciona como um divisor e, ao mesmo tempo, como um integrador, permitindo que as diversas áreas do cérebro participem do processamento da informação do campo visual esquerdo e direito, ao mesmo tempo. Ou seja, os sinais do campo visual esquerdo chegam ao hemisfério cerebral direito e vice-versa.
O Olho que Enxerga e o Cérebro que Vê
Minha avó costumava dizer que tem gente que enxerga, mas não vê. Enxergar é dar uma olhada, passar os olhos. Já ver, significa esmiuçar os detalhes de uma cena.
Por exemplo, voltando ao museu ou à rodovia e descrevermos os detalhes daquele contexto. Certamente você já leu sobre a imprecisão das testemunhas oculares de crimes em tribunais.
As neurociências são assim, no plural, porque são multidisciplinares, ou seja, atuam em várias áreas de interesse, nas quais o cérebro humano seja envolvido (e no que ele não é?). Dessa maneira, têm contribuído muito para questionar a precisão de testemunhos oculares.
Igualmente ao que estamos discutindo aqui, a pessoa pode dizer que viu detalhes do crime, quando na verdade, somente enxergou alguns fragmentos.
Você deve ter notado que deixei o olho meio de lado neste artigo. Ele, o olho, é tão complexo, que mereceria um texto só para falar dele e suas características. No entanto, isso não significa que você não possa buscar informações adicionais e conhecer o seu instrumento de captação de sinais de luz, que é o que seu olho faz.
Cada um de seus olhos possui cerca de seis milhões de cones concentrados na região fóvea. Os cones são responsáveis pela percepção das cores e detalhes. Estima-se que existem 100 milhões de bastonetes em cada retina. Eles são responsáveis pela visão na baixa claridade.
De modo simplificado podemos dizer que o olho funciona como as lentes de uma câmera fotográfica e o cérebro como a parte que “revela” a imagem.

Ah! O livro para melhorar a Percepção e Cognição Com a PNL…
Se você deseja ler e praticar algo interessante para melhorar sua percepção visual, leia o livro “INTELIGÊNCIA VISUAL”, de Amy E. Herman, editora Zahar. Nele você vai ampliar sua maneira de ver o mundo. Para isso, certamente, terá que ir ao museu…
Melhorando sua Percepção Visual com a PNL
1 – Por favor, baixe o livro clicando aqui, leia com atenção, pois nos primeiros capítulos a autora cria o cenário para o que virá na parte prática, deixe-se levar pela narrativa;
2 – Faça os exercícios, preferencialmente no decorrer dessa semana, pois na segunda, dia 21/06/21 publicarei o artigo sobre o Sistema Auditivo?
3 – Como seus músculos se revigoram quando exercitados, seu cérebro precisa de exercícios para se desenvolver. E ele faz isso em todas as idades.
Obrigado por sua companhia. Compartilhe este texto com seus contatos e a gente se vê na semana que vem.
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