Os Sentidos Químicos e a PNL – Explorando Crescimento Emocional é o último, de quatro artigos, sobre percepção e comportamento. Vamos conversar hoje sobre como os sentidos nos conectam ao meio e a nós mesmos.
Primeiramente, quero fazer a distinção entre sentidos químicos e elétricos:
Os sentidos elétricos, são a visão que é fotorreceptora e a audição, um mecanorreceptor. Dessa maneira, os sinais captados pelos olhos e os ouvidos são em forma de estímulos luminosos e ondas sonoras.
Por outro lado, as ondas sonoras geram pressão e atrito nos mecanismos do ouvido até serem convertidas em estímulos elétricos. Como vimos no artigo anterior.
Perceba que eles são enviados ao cérebro por meio de sinapses elétricas. Em outras palavras, trata-se de uma sinalização mais rápida. Tanto do meio para nosso organismo, quanto dentro de nós.
Por sua vez, os sentidos químicos lidam com partículas que recebemos do meio ou do próprio organismo. São os quimiorreceptores. Por exemplo, cheiros e sabores desagradáveis e bons.
Imagine que temos uma comida na geladeira, mas não sabemos quando a colocamos lá. O que fazemos para testar sua qualidade e validade?
Primeiro, cheiramos e, em caso de dúvida, provamos. Portanto, estes sentidos são úteis para nossa segurança. Além disso, apesar de não tão desenvolvido e consciente em nós humanos, o olfato tem grande importância em nossas relações afetivas e sexuais.
O Tato e os Mecanorreceptores
Neste artigo, vou abordar, também o sentido do tato. O tato não é químico. Ele funciona por processos diretos. Ou seja, temos que ter contato com o objeto, coisa ou pessoa…
Diferentemente dos demais sentidos, o tato não está localizado em uma região específica de nosso corpo. Ele está em todos os lugares dele. Os receptores do tato se localizam na pele e nos fornecem informações sobre temperatura, pressão, vibração e dor.
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Os Sentidos Químicos e a PNL – Uma conexão Dual
Antes de mais nada, vamos voltar à nossa geladeira. Temos que decidir se vamos comer ou jogar aquela comida fora. Pode haver, entre nós dois, diferença de percepção de cheiros e sabores. Por exemplo, por não ser fumante, posso ter estes dois sentidos mais desenvolvidos.
Por outro lado, você, digamos, que seja fumante, pode estar com seus receptores comprometidos por camadas de derivados do fumo que mascaram seus receptores. Isso compromete, tanto a segurança, quanto seu prazer em relação aos alimentos. Este processo de comprometimento é gerado pela demora na troca desses receptores em seu organismo.
No entanto, consideradas estas particularidades entre nós, teremos como identificar riscos alimentares. Tanto pelo olfato, quando pelo paladar. Além disso, o olfato nos alerta sobre riscos de contaminação por gazes e substâncias tóxicas presentes no ar.
Nesta série “Os Sentidos Químicos e a PNL” minha intenção é oferecer uma visão geral sobre como nossos sentidos nos conectam com nós mesmos e com o mundo. Sendo assim, se você ficar curioso em saber mais, recomendarei algumas leituras ao fim deste texto.
Quando eu disse, no subtítulo, que é uma conexão dual, quis dizer, especificamente, que estes sentidos nos dão sensações boas e ruins. Portanto, dual e importante.
A VIA DIRETA DO OLFATO
Todos os sentidos possuem uma espécie de entreposto. Uma central de distribuição pela qual os estímulos passam antes de se dirigirem às áreas sensoriais do córtex. Menos o olfato.
Esta central é tálamo. Uma região de grande importância funcional, situada no centro do cérebro, que atua como estação de retransmissão sensorial. Além disso, o tálamo participa do controle da motricidade, no comportamento emocional e na ativação do córtex.
Os neurocientistas atribuem esta passagem direta das informações do olfato para o córtex olfatório como um importante mecanismo de defesa. Ou seja, sem fazer parada na triagem, os odores podem ser mais rapidamente processados pelo cérebro. Dessa maneira oferecendo uma resposta mais rápida ao estímulo.
Voltando à nossa cozinha. Imagine que houvesse um vazamento de gás e que não percebêssemos o cheiro forte. Quando nos déssemos por conta, já poderia ser tarde demais. A resposta rápida de repulsa era primordial aos nossos ancestrais na decisão sobre ingerir ou não uma guloseima.
A ligação direta do olfato passa pela amígdala, da qual já falamos. Ela é o nosso processador de repulsa. Cuida de nos afastar da dor, evitando que tenhamos contato com coisas que possam nos causar mal.
Existem oito categorias de odores mapeadas. Analogicamente às cores primárias. São elas: Canforáceos; písceo, referente ao peixe; maltado, refere-se ao malte ou cevada, grosso modo, cheiro de cerveja; mentolado; almiscarado; espermático; sudoríparo e urinário.
De acordo com as pesquisas, estas classes de odores ocorrem menos sozinhas e mais por associações umas com as outras. Ou seja, os cheiros são formados por uma combinação de mais de uma dessas classes de moléculas.
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LADO DIREITO E LADO ESQUERDO
De maneira idêntica aos demais sentidos, os odores são captado pelas narinas, de modo separado, são levados à cavidade nasal e depois direcionados aos dois hemisférios cerebrais. O olfato percebido na cavidade nasal é estimulado por fragrâncias florais, perfumes, tabaco, aroma de comidas, feromônios etc.
De maneira simplificada, podemos dizer que os odores passam pelas narinas e inicialmente, são registrados pelas células receptoras na cavidade nasal. Neste ponto são convertidos em impulsos elétricos que levam ao bulbo olfatório.
Dessa maneira, o bulbo olfatório faz parte do sistema límbico. O centro das sensações, desejos e instintos. Portanto, esta é uma das explicações pelas quais os cheiros podem nos envolver em tantas emoções.
Em seguida, os dados são transmitidos por três condutores olfatórios às áreas superiores do cérebro, que tratam os cheiros de maneira diferente. Este sistema é o olfato ortonasal, que ocorre na cavidade nasal, que mencionei antes. Este, forma os padrões de odores com a participação dos sabores que entram nos condutos olfatórios através da boca.
Desse modo, todos os outros sentidos fazem uma breve parada pelo tálamo e depois seguem para seus respectivos destinos no córtex específico.
Os Sentidos Químicos e a PNL – Paladar
Assim como o olfato, nosso paladar é muito importante para a sobrevivência. A maioria das substâncias perigosas possuem um gosto ruim, normalmente amargo. Por sua vez, as nutritivas são, na maioria, de gosto agradável, sendo doce ou aromático.
Juntos, o meu e o seu sistema olfatório formam uma dupla importante para nossas decisões sobre o que podemos ou não comer. O paladar depende da língua para funcionar perfeitamente. Por isso, mencionei no início deste texto, que fumantes podem ter essa sensibilidade prejudicada.
Esse processo de “cobertura” das papilas gustativas por substâncias contidas no cigarro pode durar meses após um fumante abandonar o vício. Normalmente, ao deixar de fumar a pessoa começa a engordar. Ou seja, come mais, na medida que tem seus receptores olfatórios e gustativos desintoxicados.
Você já sabe disso. No entanto, não custa nada relembrar. Vamos voltar à nossa cozinha e ver o que temos lá que combina com os sabores básicos. Básico, como no caso das cores, quer dizer que deles surgem as demais combinações.
O MAPA DA LÍNGUA E OS SABORES
As pesquisas mais recentes nos dizem que aquela ideia de que havia um mapa da língua não é mais aceita. O mapa dizia que cada parte era responsável por perceber determinada categoria de sabores. Os novos estudos apontam que os sabores são percebidos de forma igual por toda a língua.
Então, vamos ver o que temos em nossa geladeira. Oba! Doces. Normalmente eles nos dão prazer, são ricos em energia e altamente calóricos. Depois, encontramos alguns alimentos azedos. Tirando os óbvios como cítricos, o azedo pode nos indicar sinal de perigo, apontando para um alimento verde ou estragado. Em seguida, descobrimos muita coisa salgada. Este sabor está presente em sais químicos largamente usado por nós, como o cloreto de sódio. Por fim, dos sabores mais conhecidos por nós, deparamos com o amargo. Este sabor pode estar associado a toxinas e, caso não tenhamos ideia exata do que é, evitar pode ser uma decisão inteligente. Por fim, fechando a lista dos sabores básicos, temos o Unami, que é um reforçador dos demais sabores. Em japonês significa saboroso.
Quando comemos, além de cuidar de dar energia ao nosso corpo, temos o prazer de degustar aquele alimento. Portanto, o paladar nos dá esta sensação. Assim sendo, quanto mais explorarmos esse sentido, mais teremos consciência dos sabores que passam por nossa boca, muitos sem serem percebidos.
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ÁREAS CEREBRAIS DO PALADAR E DO OLFATO
Depois que os odores e sabores são convertidos em estímulos elétricos, eles passam pelos nervos cranianos. Os estímulos olfatórios seguem pelo nervo olfatório e, através do bulbo olfatório, alcançam o córtex olfatório, que fica no lobo temporal, onde é processado.
Por sua vez, os sabores captados pelos sensores da boca seguem pelos nervos trigêmeo e glossofaríngeo até o bulbo raquidiano. Ao contrário do olfato, estes estímulos passam pelo tálamo. Lembra-se dele? Depois seguem para as áreas gustativas primárias do córtex.
Nós humanos temos doze milhões de células receptoras olfatórias. O gato tem setenta milhões; o coelho cem milhões e nosso melhor amigo, o cão, um bilhão. Por outro lado, se ele for de uma raça de caça, pode ter quatro vezes isso. Vai cheirar bem assim!
Os Sentidos Químicos e a PNL – O Tato e O Sexto Sentido?
Quando me propus a escrever “Os Sentidos Químicos e a PNL” sabia que este seria um dos textos mais longos. No entanto, o mais importante é o que vamos fazer com este aprendizado para melhorar nossa percepção de mundo e de nós mesmos.
A pele é o nosso maior órgão sensorial. Isso nós já sabemos desde a época do ensino fundamental. Muitos de nós, no entanto, não sabemos como estimular nossos sentidos, incluindo o tato.
Dessa maneira, diferentes tipos de sensações táteis estão disponíveis a nós. Porém, por falta de uso, muitas desaparecem ou são subutilizadas.
O tato é capaz de fornecer ao cérebro um acervo de informações complexas e detalhadas sobre o mundo. Nesse sentido, estas informações atuam como sinais de alerta e de orientação. O tato é essencial para experimentarmos a textura, as variações de temperatura do ambiente e nos permite “sentir” os objetos e toques. É fundamental na comunicação com os outros.
Assim, vamos conhecê-las para depois estimulá-las:
TATO FINO:
Um toque suave, um delicado aperto de mão ou um beijo são exemplos do tato fino. Assim, como o artista que pinta, o dentista que molda, o cirurgião que opera e em muitos outros atos que fazemos, dependemos deste tipo de tato.
PRESSÃO:
Ao contrário do tato fino, que não deforma a pele, a pressão, para ser percebida, precisa de uma certa deformidade. Ou seja, deve ser suficientemente forte para estimular os corpúsculos de Pacini e Ruffini, que ficam localizados em áreas mais profundas. Se formos expostos a uma grande pressão, sem percebermos, podemos nos colocar em sérios riscos.
Por exemplo, imagine que um parafuso da cadeira ou do banco do carro soltou e está pressionando sua pele. Se você não sentir a pressão, ele pode perfurar seu corpo.
VIBRAÇÃO:
Do mesmo modo que o fazem na pressão, na detecção de vibração, corpúsculos de Pacini e Ruffini são os mensageiros desse fenômeno. Um massageador, por exemplo, vai gerar uma resposta bem diferente do que se você se sentar sobre a máquina de lavar ligada no modo centrifugar.
QUENTE E FRIO:
Os sensores de frio e quente se localizam em diversos pontos da pele. Agora, imagine se não tivéssemos estes sensores e nos envolvêssemos em conversas na cozinha, com o fogo ligado nas trempes do fogão. Como resultado, correríamos o risco de nos queimar gravemente, não fossem nossos sensores ao calor.
DOR:
A dor é um sinal de advertência de que algo não vai bem no organismo. Em se tratando do tato, ela funciona através do “esmagamento” de células do tecido. No entanto, a percepção da dor só ocorre quando os sinais enviados pelos nociceptores da pele chegam ao córtex e são interpretados.
Existem pessoas que não sentem dor. Isso as coloca em risco constante. Já pensou ter sua mão esmagada pela porta e nada ser informado a você?
PROPRIOCEPÇÃO:
Este é o que muitos denominam de o “Sexto Sentido”. Ele funciona por meio de células receptoras especializadas que ficam nos músculos e articulações. Assim, podemos ter a percepção de nosso corpo no espaço. Por exemplo, quando erguemos a mão para pegar um copo com água, sem mesmo olhar para ele, quando damos cambalhotas e caímos em pé é este sentido que está ativo.
Além disso, a propriocepção participa do senso de equilíbrio físico e mental. Quantas vezes ouvimos nós mesmos ou outras pessoas dizendo que se sentem fora do eixo?
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A “RODOVIA” DA INFORMAÇÃO
Nossa coluna vertebral abriga e protege a medula espinhal. Ela é composta por nervos que se ramificam por todo o corpo e é por esta estrada complexa que as informações táteis trafegam, do ponto da sensação tátil inicial até o córtex.
As áreas de maior sensibilidade tátil são os lábios e as mãos. Se quiser, saber mais acesse o link “Homúnculo”, que disponibilizarei no final deste artigo, e descubra mais sobre a sensibilidade do corpo.
Melhorando sua Percepção Química e Tátil
Analogicamente, ao que você faz para desenvolver seus músculos, quando pratica exercícios físicos, você precisa se mexer para reeducar e refinar sua percepção olfatória, gustativa e tátil. Certamente, a propriocepcia também. Portanto, este é o principal objetivo desta série “Os Sentidos Químicos e a PNL”. Vamos lá:
Olfato:
Eventualmente, proponha brincadeiras aromáticas quando receber amigos em casa. Vá a um mercadinho ou loja especializada em temperos e compre uma variedade desses ingredientes. Primeiro, coloque-os em pequenos recipientes e use vendas nos participantes. Em segundo lugar, dê a cada um a oportunidade de identificar três em cinco itens. Desse modo, para ficar estimulante, proponha premiações para quem acertar três ou mais e pagamentos de prendas para quem errar. Assim, além de se divertirem, vocês estarão treinando seus sentidos do olfato.
Paladar:
Do mesmo modo, basta seguir o espirito da brincadeira do olfato. No entanto, é importante apelar para sabores incomuns aos dos participantes. Faça misturas de dois ou mais itens. Dessa maneira, a brincadeira fica instigante e os sentidos mais inteligentes.
Tato e Propriocepção:
Também dá para fazer em grupo ou com o parceira ou parceira. Mais privativamente. Girar em torno de um bastão ou de um espaço, com os olhos vendados. Experimentar vários tipos de materiais de texturas diferentes em diversas áreas do corpo. Por exemplo, penas, palhas de milho, secas ou verdes, pétalas de flores, folhas diversas… Enfim, use a criatividade.
Em conclusão, a frequência com a qual se faz esses processos de estimulação é importante para que o cérebro crie novas conexões e se expanda em termos de percepção. Portanto, chegamos ao fim da série “Os Sentidos Químicos e a PNL”. Se você gostou, faça um bem a seus amigos e envie o link a eles.
Por fim, obrigado por sua companhia. Compartilhe este texto com seus contatos e a gente se vê em novos textos.

Aguilar Pinheiro
Neurocientista e Treinador Avançado em PNL
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Feromônios: são substâncias químicas secretadas por espécies animais com o objetivo principal de promover a aproximação de indivíduos da mesma espécie.
Homúnculo: O médico neurocirurgião Canadense, Wield Penfield (1891-1976). Por meio de estudos com pacientes epilépticos, quando estimulava seus cérebros, descobriu uma região na superfície pré e pós central responsável pelo controle motor e sensorial do corpo humano. Disso resultou o conceito de Homúnculo. Um mapa de sensibilidade corporal